Como a LGPD vai impactar o varejo brasileiro?
A partir deste momento, o setor precisará mudar processos de trabalho e adotar novos padrões de compliance para lidar com a complexidade dessa lei, que ajuda a garantir o direito à privacidade e estabelecer regras claras para sua utilização, que coloca os controladores e/ou operadores responsáveis diretos em caso de danos ao titular ou a terceiros. Com dois anos para adequação à lei, o mercado não tem como argumentar desconhecimento das novas regras. Mas o que muda com a entrada da LGPD?
Em linhas gerais, ela coloca o Brasil em posição de igualdade em relação a outros países que possuem um tratamento bem definido sobre a privacidade e a segurança e mostra que é preciso ter bom senso e transparência. Isso mostra que a adoção dessas medidas deixou de ser uma boa prática para se transformar em uma obrigação. Desse modo, a partir de 2020, os CIOs precisarão se tornar os guardiões dos dados dos clientes. Essa é uma atribuição que, ao lado da sua reputação na mídia digital, da segurança cibernética e do compliance , vai exigir um alinhamento de toda a corporação para que possa ser desenvolvida corretamente.
Mas, para que isso aconteça, o varejo precisa tomar algumas providências:
. Atualizar suas plataformas de defesa: As adequações necessárias para armazenar e lidar com os dados pessoais de forma segura e sigilosa fazem com que o varejo precise adotar, como padrão, o uso de criptografia na coleta, armazenamento e compartilhamento interno e externo das informações. Portanto, há a necessidade de atualização constante desses recursos e a defesa contra invasões fará com que a manutenção dos dados em um backup em nuvem, 100% criptografado, se torne o padrão nos sistemas de segurança corporativos.
. Coletar e tratar as informações dos clientes de forma consciente: Nesse caso, a LGPD determina que as marcas informem aos clientes as finalidades específicas do seu tratamento, bem como a forma como ela será feita e por quanto tempo elas serão armazenadas e utilizadas. Além disso, elas precisarão indicar quem é o controlador, se haverá o seu uso compartilhado e quais são os direitos do titular (o consumidor) sobre eles, fazendo com que as empresas utilizem-os de forma mais correta. Por isso, é muito importante que os consumidores autorizem essa movimentação. Outro aspecto positivo da nova lei será o aumento do envolvimento do próprio consumidor com o tema, aumentando a visibilidade das questões relacionadas à privacidade e à segurança.
Podemos concluir que a adaptação à nova legislação brasileira de proteção de dados não será custosa para o varejo, mas certamente será trabalhosa. E, para que elas estejam aderentes à LGPD, precisam definir uma estratégia de coleta, tratamento e o uso das informações. Isso reforçará a importância de uma mudança de cultura, mas trará como benefício a aceleração da transformação digital do varejo brasileiro.
Artigo escrito por Israel Nacaxe, COO e co-fundador da Propz - empresa de tecnologia que oferece soluções de inteligência artificial e Big Data para o varejo físico e serviços financeiros. Entre seus principais clientes estão Bradesco, Cencosud e Grupo RaiaDrogasil.
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