30 metros acima

Eu adoro enxergar a cidade em outra escala. Fico admirado toda a vez que posso apreciar alguma vista da cidade em seu caótico movimento a partir de um edifício mais alto. Certa vez, estive em um consultório para um desses exames de rotina que ficava em um andar bem alto de um edifício de São Paulo, uns 30 metros acima do chão, com uma vista privilegiada para algumas das mais movimentadas avenidas da cidade. Era perto hora do rush, e na cidade que não para, num trocadilho infame, o trânsito começava a ficar tão parado quanto sempre está. Lá de cima, carros em diversos formatos e cores, em um universo de poucos tons e deixando a cidade ainda mais cinza com uma maioria prata, preta e branca, com raras exceções de carros coloridos. A noite que começa a cair, começa a criar uma corrente de luzes amarelas de um lado e vermelhas do outro. Nas poucas calçadas, pessoas pequenas, parecendo formiguinhas, corriam alvoroçadas como se alguém gigantesco tivesse pisado há poucos instantes no formi...